Estudantes de Engenharia Florestal identificam nova espécie de planta brasileira

Estudo sobre a nova espécie foi publicado em uma revista científica internacional de botânica

Foto: Arquivo Pessoal

 

Dois pesquisadores identificaram uma nova espécie de planta encontrada em cidades da Região Central. Chamado de Rhamnidium riograndense, o arbusto verde foi encontrado em cidades como Santa Maria, Jari, Quevedos, São Pedro do Sul e São Martinho da Serra. O reconhecimento da descoberta foi publicado em um artigo na revista científica Phytotaxa, uma das mais conceituadas da botânica no mundo. A publicação é assinada pelo santa-mariense Maurício Figueira junto de outra engenheira florestal, Bianca Schindler.

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A história da descoberta é bastante curiosa. Foi uma visita a uma cachoeira na cidade de São Martinho da Serra, há 10 anos, que reservou a grata surpresa a Maurício, então estudante de Engenharia Florestal. Um pequeno arbusto verde encontrado no local, conhecido como Salto do Guassupi, chamou a atenção do jovem, acostumado a analisar diversas espécies de plantas. Um tempo depois, em uma ida a outro ponto turístico da região, o Cerro do Itaquatiá, em São Pedro do Sul, encontrou novamente o arbusto. Resolveu, então, coletar uma amostra.

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– O que intrigou foi que eu nunca tinha visto essa planta antes. Mostrei a professores, e eles também não conheciam. Deixei a amostra guardada comigo. Mas, como tinha outras pesquisas em andamento, não consegui aprofundar essa história – conta Maurício, que hoje vive em Brasília.


Foto: Bianca Schindler. (Arquivo Pessoal)
Cerro do Itaquatiá, em São Pedro do Sul, onde a planta pode ser encontrada

Os pesquisadores descobriram que existia uma planta parecida no Paraguai, mas que não tinha registros em solo gaúcho. Após análise mais aprofundada, perceberam que, apesar de semelhante, não se tratava da mesma planta. Foi então que tiveram os indícios científicos de que a planta era, realmente, nova.

Maurício concluiu a graduação e mestrado em Engenharia Florestal na UFSM. Depois, foi convidado para morar e trabalhar em Maceió e, posteriormente, João Pessoa. Em todas as mudanças, levou consigo na mala a amostra da planta, conservada e fixada em uma cartolina. O estudo só tomou forma recentemente, quando a dupla já estava em Brasília.


Foto: Maurício Figueira

CARACTERÍSTICAS
A principal característica da planta é a sua folhagem brilhante, que dá um potencial ornamental à espécie. Ela costuma ser encontrada em áreas abertas.

– É uma planta muito bonita, que chama atenção em relação às demais. Ela se se destaca em meio a outras vegetações – define o pesquisador.

Para Maurício, o fato de se descobrir uma nova planta acende um alerta para o fato de que nem toda a flora do Rio Grande do Sul ainda é conhecida.

– Isso nos mostra que precisamos investir mais em conhecer a nossa flora. Agora que descobrimos essa nova espécie, ainda tem muitas questões que podem ser aprofundadas, novas perguntas surgem. Ainda são sabemos o seu potencial como medicamento, a sua relação com polinizadores, a relação com manutenção do solo… – analisa.

O pesquisador ressalta ainda que, além de conhecer melhor a espécie, outro desafio é garantir a conservação da mesma. Como é encontrada em áreas abertas, pode estar ameaçada pelo avanço da monocultura de soja.

Fonte: Diário SM


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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