Estudante de Eng. Florestal representou o Brasil na COP-26

Com 22 anos, Bruna Valença é uma jovem estudante de Engenharia Florestal engajada no combate a problemas ambientais e sociais e representou o Brasil na COP-26.

Em 2017 a Bruna foi aprovada para para o curso de Engenharia Florestal da UFRRJ, e acabou de retornar de Glasgow, na Escócia, onde participou da COP-26, principal cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) para debate sobre questões climáticas. O evento aconteceu entre os dias 1 e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

A Bruna fez parte da delegação da Engajamundo, uma Organização Não-Governamental liderada por jovens brasileiros que atua no combate a problemas ambientais e sociais. Esse ano, o grupo selecionado democraticamente pela ONG para ir a Glasgow é composto por treze jovens, entre 18 e 27 anos. Onze deles são mulheres e a maioria é de pessoas negras e indígenas das regiões norte e nordeste, além de representação PcD e LGBTQIA +.

Confira nossa entrevista exclusiva com a Bruna Valença:

FB: Como está sendo o evento e o que você espera da sua participação?

Bruna Valença: Essa é a primeira COP que participo e estou como delegada do Engajamundo, uma Organização de Juventudes que faço parte desde 2020. Como o evento está acontecendo em um cenário pandêmico/pós pandêmico muita coisa ficou prejudicada, principalmente nós do sul global. Conseguir vir para um país com a libra a 8 vezes mais que o real, ter a vacinação completa, saber se teríamos ou não que cumprir quarentena foi algo bem desafiador para nossa delegação porque não dependia somente de nós. Então é perceptível que essa não é a COP mais inclusiva, mas apesar dos percalços conseguimos com o apoio de pessoas que conhecem o trabalho do Engajamundo trazer nossa delegação completa de 15 pessoas, a maioria mulheres negras e indígenas, pessoas LBGTQA+ e PCD. Também é notório a falta da participação da sociedade civil nos espaços de negociações, dos quase 12 mil observadores credenciados somente 36 podem entrar nas salas de negociação e até 2017 a sociedade civil fazia parte da delegação brasileira, com acesso à esses espaços, então definitivamente essa é a COP com menor influência da sociedade civil.

Como nossa delegação é bem grande, nos dividimos em times. Faço parte do time de ativismo e espero que a minha participação aqui seja marcada com nossas ações que trazem a denúncia do que vivemos no Brasil e o pedido de justiça climática. Ontem mesmo (09/11) realizamos uma ação onde entregamos uma “caixa preta” para a Senadora Kátia Abreu, para apresentar para ela uma missão possível que pode tirar o Brasil da extinção, a não aprovação da PL 2159/2021 que como está hoje, o PL 2.159/2021 pode ser considerado o “PL da Boiada” ou o “pai de todas as boiadas” porque, na prática, se for aprovado vai acabar com o principal instrumento de proteção ambiental da sociedade brasileira: o licenciamento ambiental.
Espero poder também entender melhor como um espaço tão distante pode ser tão crucial para quem está nos territórios.

FB: Como você vê que o curso de Engenharia Florestal está te ajudando a compreender melhor os temas que estão sendo debatidos na COP-26?

Bruna Valença: A Engenharia Florestal é um curso que está estritamente ligado as discussões da COP, visto que o lema desta é o “Race to Zero” que é uma “corrida” para uma economia próspera e com emissão zero de carbono até 2050 e pensando em Brasil, para diminuirmos nossas emissões o que está no centro do debate são as florestas. Manter nossas florestas em pé significa a não emissão de milhares de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, além do financiamento de projetos de REDD+ e de mecanismos como MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) que permite aos países ricos flexibilizarem suas obrigações por meio da compra de créditos de carbono dos países em desenvolvimento. Assim, os países ricos poderiam compensar suas emissões ao mesmo tempo em que investiam em projetos sustentáveis nos países emergentes.

Apesar da maior parte das negociações não serem abertas a sociedade civil, a visão multidisciplinar da engenharia florestal, que vai desde a ecologia até a legislação me faz compreender as discussões de uma forma holística.

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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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