Espatódea: Árvore de Beleza Exuberante ou Ameaça Silenciosa à Biodiversidade?

Se você já caminhou por parques ou ruas urbanas no Brasil, é bem provável que tenha se encantado com uma árvore de flores vibrantes, entre tons de laranja e vermelho, que parecem pequenas labaredas.
Essa é a Espatódea (Spathodea campanulata), também conhecida como “chama-da-floresta” — uma planta tão bonita quanto polêmica.

espatódea arvore invasora

Por trás de toda sua exuberância, esconde-se um perigo ambiental que poucos conhecem. Vamos entender?

Origem e Características da Espatódea

A Espatódea é nativa das florestas tropicais da África. Foi trazida para o Brasil e para outros países tropicais como planta ornamental, graças à sua incrível beleza e à facilidade de cultivo.

Ela é uma árvore de porte médio a grande, podendo atingir até 25 metros de altura. Suas flores em formato de campânula (“taça”) são altamente chamativas, atraindo olhares — mas nem sempre polinizadores.

Além da aparência impactante, a Espatódea é resistente a solos pobres e a diferentes condições climáticas, o que facilita ainda mais seu espalhamento.

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Espatódea como Espécie Invasora: Um Problema Ambiental

Embora tenha sido introduzida com fins ornamentais, a Espatódea é hoje classificada como uma espécie exótica invasora em diversas regiões brasileiras.

O que isso significa na prática?

  • Ela se propaga com facilidade, principalmente em áreas abertas, pastagens degradadas e margens de florestas;

  • Compete com árvores nativas por espaço, luz e nutrientes;

  • Empobrece a biodiversidade, substituindo ecossistemas ricos por paisagens dominadas por uma única espécie;

  • Seus impactos vão além da flora: animais nativos que dependem de plantas locais para alimentação ou abrigo também são afetados.

Efeitos sobre Polinizadores e a Fauna

Outro ponto preocupante é a relação da Espatódea com os polinizadores.
Estudos e relatos indicam que suas flores acumulam um líquido tóxico para algumas espécies de abelhas nativas. Isso pode agravar a crise dos polinizadores, afetando cadeias ecológicas inteiras.

Além disso, sua oferta de néctar e pólen é limitada e menos nutritiva para a fauna local, o que a torna uma árvore “ecologicamente pobre” em comparação às espécies nativas brasileiras.

Por Que a Espatódea Continua Sendo Plantada?

Apesar dos riscos, a Espatódea continua popular na arborização urbana, principalmente pela sua beleza, rápido crescimento e tolerância a condições adversas.

Muitas vezes, gestores públicos e particulares desconhecem seu comportamento invasor e seus impactos sobre a biodiversidade.
A falta de informação é um dos grandes aliados da proliferação dessa árvore.

Alternativas Sustentáveis para Arborização

Para quem deseja valorizar o paisagismo sem prejudicar o meio ambiente, existem várias espécies nativas que podem substituir a Espatódea:

  • Ipê-amarelo (Handroanthus albus)

  • Pau-brasil (Paubrasilia echinata)

  • Quaresmeira (Tibouchina granulosa)

  • Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis)

Essas árvores embelezam o ambiente e ainda fortalecem a biodiversidade local, atraindo aves, abelhas e outros polinizadores.

Conclusão

A Espatódea nos ensina uma lição importante: nem tudo que é bonito é benéfico para o meio ambiente.
Escolher árvores para jardins, ruas e parques vai além da estética — é também uma decisão ecológica.

Promover o plantio consciente de espécies nativas é essencial para preservar a riqueza biológica do Brasil e garantir cidades mais equilibradas e sustentáveis.

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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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