Em 25 anos, mundo perdeu área florestal do tamanho da África do Sul, diz ONU

JOANESBURGO — O mundo perdeu uma área florestal do tamanho da África do Sul — 129 milhões de hectares — ao longo dos últimos 25 anos, o que representa uma clara desaceleração no ritmo de desmatamento, uma situação “alentadora”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgou um relatório sobre o tema nesta segunda-feira.

A crescente população mundial e o aumento da demanda por alimentos e terras são os fatores que mais impulsionam o desmatamento. O Brasil foi o país que mais perdeu florestas entre 2010 e 2015: 984 mil hectares.


“Embora em escala mundial a extensão das florestas continue diminuindo, ao mesmo tempo em que avançam o crescimento demográfico e a intensificação da demanda de alimentos e terras, o índice de perda líquida de bosques caiu mais de 50% entre 1990 e 2015”, revela o documento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).




A maior perda de área florestal ocorreu nos trópicos, particularmente na América do Sul e na África — os dois continentes perderam, entre 2010 e 2015, 2,8 milhões e 2 milhões de hectares, respectivamente —, embora a taxa de perda nessas áreas tenha diminuído substancialmente nos últimos cinco anos, de acordo com a FAO. Isso aconteceu devido à redução das taxas de destruição da floresta em alguns países e aumento da expansão da área preservada em outros.

“Os países têm, mais do que nunca, um conhecimento de seus recursos florestais e, como resultado, temos um melhor monitoramento das mudanças das florestas no mundo”, disse a FAO.
Trecho de floresta devastada para dar lugar a um campo de arroz perto de Andasibe, no sudoeste de Madagascar: planeta perdeu 129 milhões de hectares de florestas em 25 anos – AFP/ROBERTO SCHMIDT/18-09-2008
Apesar da boa notícia do relatório, a superfície florestal no planeta diminuiu em 3,1% nos últimos 25 anos. O mundo tem, hoje, 3,999 bilhões de hectares de florestas. Em 1990, eram 4,128 bilhões. Concretamente, a taxa anual de perda líquida de florestas (que inclui as plantações de bosques novos) passou de 0,18% nos anos 1990 a 0,08% nos últimos cinco anos. Florestas protegem a população contra as alterações climáticas, pois as árvores absorvem dióxido de carbono (CO2). O desmatamento é responsável pelo agravamento da erosão do solo, deslizamentos de terra e inundações.

Estima-se que 1,2 bilhão de pessoas dependam das florestas para sua subsistência, incluindo cerca de 60 milhões de indígenas, que são quase inteiramente dependente delas, de acordo com dados divulgados em maio pela União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal.

“Desafios importantes permanecem. A existência de políticas sólidas, legislação e regulamentação nem sempre vem acompanhada de incentivos eficazes ou execução”, cometou a FAO.

O documento, com título “Como mudam as florestas do planeta?”, foi divulgado na 14ª edição do Congresso Florestal Mundial, que acontece até sexta-feira na cidade sul-africana de Durban.

A evolução geral observada é “positiva, com avanços impressionantes em todas as regiões do globo”, de acordo com o diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. Mas ele advertiu que a tendência positiva deve ser consolidada.

— As florestas desempenham um papel fundamental no combate à pobreza rural, ao garantir a segurança alimentar e ao proporcionar às pessoas meios de subsistência. Elas ainda fornecem serviços ambientais vitais, tais como ar e água limpas, a conservação da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas — enfatizou Graziano da Silva durante o lançamento do relatório em Durban.

O diretor da FAO ainda disse que notou “uma tendência animadora de redução das taxas de desmatamento e de emissões de carbono das florestas”, bem como informações mais precisas que podem ajudar na formulação de políticas mais eficientes, apontando que os inventários florestais atualmente cobrem 81% da área florestal mundial, um aumento substancial em relação a dez anos atrás.

— A direção da mudança é positiva, mas temos de fazer melhor — cobrou Graziano da Silva. — Nós não teremos sucesso na redução do impacto das mudanças climáticas e na promoção do desenvolvimento sustentável se não preservarmos nossas florestas e fizermos um uso sustentável dos muitos recursos que elas nos oferecem.

Fonte: OGLOBO




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