Diante de perdas recordes de corais, nova coalizão busca restaurar ecossistemas marinhos no Brasil

Coalizão Corais do Brasil reúne organizações da sociedade civil e do setor privado para fortalecer políticas, ampliar áreas protegidas e acelerar ações de restauração, em meio aos impactos das ondas de calor que devastaram recifes no Nordeste.

O Brasil ganhou uma nova articulação dedicada à proteção e à recuperação dos recifes de corais: a Coalizão Corais do Brasil. A iniciativa reúne organizações da sociedade civil e do setor privado e foi apresentada durante a programação da COP30, em Belém, nesta segunda-feira (17). A coordenação é da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e do WWF-Brasil.

Foto: Leandro Santos

Segundo a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, a proposta da coalizão é ampliar o alcance das ações voltadas aos recifes e fortalecer o tema na agenda política e científica.

“Queremos ampliar impactos, influenciar políticas públicas, impulsionar soluções inovadoras, criar mecanismos de financiamento sustentáveis e projetar o protagonismo do Brasil na agenda global de conservação de corais. Uma das principais ameaças para os recifes de corais é o aquecimento do planeta e o consequente aumento da temperatura das águas, uma pauta pertinente no contexto da COP30”, afirmou.

A coalizão trabalhará alinhada às metas internacionais para ambientes marinhos, entre elas a redução de ameaças já bem documentadas: poluição de origem terrestre, ocupação costeira desordenada e pesca excessiva. O grupo pretende ainda defender a ampliação de áreas protegidas, apoiar técnicas inovadoras de restauração ― cujo objetivo global é recuperar 30% dos recifes degradados até 2030 ― e mobilizar recursos públicos e privados para a conservação.

Apesar de ocuparem menos de 0,1% do fundo oceânico, os recifes são considerados pilares da biodiversidade marinha, abrigando cerca de 25% das espécies do oceano. Malu Nunes reforçou que o avanço das mudanças climáticas torna a pauta ainda mais urgente.

Para o diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, a nova aliança pretende conectar ciência, justiça socioambiental e os direitos de povos e comunidades tradicionais.

“Defendemos soluções que unam ciência, direitos dos povos e comunidades tradicionais, sustentabilidade e justiça socioambiental. Queremos transformar os corais em símbolo de resiliência climática, cultura oceânica e futuro para as próximas gerações”, disse.

Além das organizações líderes, a coalizão conta com a participação de entidades como Instituto Recifes Costeiros (IRCOS), Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil), CONFREM (Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos) e AquaRIO.

A onda de calor que atingiu os oceanos em 2023 e 2024 deixou marcas severas em diversos recifes de coral no Brasil. Um estudo recém-publicado na revista Coral Reefs aponta que o Nordeste foi a região mais afetada. Em Maragogi, no norte de Alagoas, quase 90% da cobertura de corais foi perdida devido ao calor extremo. Já em São José da Coroa Grande, no sul de Pernambuco, mais da metade dos corais morreu. Em outras áreas monitoradas pelo estudo, porém, o impacto foi considerado mínimo ou até inexistente em termos de mortalidade.

O levantamento é o primeiro a avaliar de forma sistemática como um episódio global de branqueamento afetou os recifes brasileiros.

Fonte: Jornal da USP


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