Em dois anos a área desmatada no Cerrado foi três vezes maior que o DF

Devastação concentra-se no Matopiba, nova fronteira agrícola do país; se esse ritmo for mantido até 2050 haverá o maior processo de extinção de espécies de plantas já registrado na história

Correntão, região de Barreiras, BA. Foto: Adriano Gambarini

Entre julho de 2013 e agosto de 2015, o Cerrado perdeu 18.962,45 km2 de
vegetação nativa. São mais de três vezes o tamanho do Distrito Federal
devastado em um período de dois anos, segundo os dados disponibilizados no site do Ministério do Meio Ambiente (link).
O desmatamento segue acelerado no bioma e se esse ritmo for mantido,
até 2050 haverá o maior processo de extinção de espécies de plantas já
registrado na história, com três vezes mais perdas de flora do que houve
desde 1500, segundo estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution. 
No Cerrado,
o desmatamento está concentrado principalmente na região que é tida como a nova
fronteira agrícola, chamada de Matopiba, e engloba os estados do
Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Isso porque mais da metade do bioma
já foi dizimado e esta é uma das poucas regiões que ainda concentra
grande quantidade de vegetação preservada. No período de 2013 a 2015 a taxa média de desmatamento
anual foi de 9.481 km², representando um aumento de 33% quando
comparado com a análise dos anos anteriores, 2009 a 2011 (7.117 km2 em
média cada ano). O que significa também que dos biomas brasileiros, o
Cerrado é o que registra o maior ritmo de desmatamento, ritmo esse que foi cinco vezes mais rápido que o
medido na Amazônia para o mesmo período.
Foto: Adriano Gambarini
Apesar do risco de extinção do bioma, o Cerrado ficou de fora do
compromisso brasileiro na COP-21. Sem falar que é pouco protegido pelo
Código Florestal (apenas 20% da área privada é protegida) e o Plano de
Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no
Cerrado (PPCerrado) prevê metas de redução acima da média de
desmatamento apontado pelo monitoramento contínuo do bioma nos últimos
anos, ou seja, sem qualquer ambição real para conter o problema.



“O desmatamento no Cerrado está fora do controle. Não podemos seguir
destruindo este bioma que é tão importante para o Brasil, seja em termos
de biodiversidade, água e equilíbrio climático” afirma Maurício
Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil. E continua: “O Brasil precisa
enfrentar esta situação de uma forma ampla, envolvendo a sociedade, o
governo e o setor privado. Precisamos de um grande pacto contra a
destruição do Cerrado, do contrário, em alguns anos, restará muito pouco
deste bioma tão precioso. Está na hora de assumir que a agropecuária só
pode se expandir sob pastos degradados e não sob ecossistemas naturais.
Programas de monitoramento periódico do desmatamento, a exemplo do
Prodes-Cerrado, são fundamentais para informar a taxa de perda de
vegetação anual, ajudando na fiscalização”, conclui Voivodic.
Fonte: Ministério do Meio AmbienteEcoDebate, ISSN 2446-9394 de 31/07/2017.
 

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