Desenvolvida Inteligência Artificial que reconhece espécies amazônicas pela casca das árvores

Pesquisadores desenvolvem sistema baseado em inteligência artificial capaz de identificar espécies comerciais da Amazônia pela casca das árvores, alcançando 95% de acurácia e abrindo caminho para avanços no manejo florestal sustentável.

Um estudo recém-publicado na revista Forests (MDPI) apresenta um avanço promissor para a gestão florestal sustentável na Amazônia: o uso de inteligência artificial (IA) para identificar espécies de árvores comerciais a partir de imagens de suas cascas.

A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado de Natally Celestino Gama e foi desenvolvida em parceria com Luiz Eduardo Soares Oliveira, Samuel de Pádua Chaves e Carvalho, Alexandre Behling, Pedro Luiz de Paula Filho, Márcia Orie de Sousa Hamada, Eduardo da Silva Leal e Deivison Venicio Souza.

O trabalho utilizou técnicas de Deep Learning e visão computacional para distinguir 16 espécies madeireiras de valor comercial em áreas de manejo florestal no Mato Grosso. Entre elas estão o cedro-rosa, o cumaru e a garapeira, espécies amplamente exploradas pelo setor madeireiro.

Pesquisadores registram imagens de cascas de árvores em área de manejo florestal. Foto: Divulgação
Pesquisadores registram imagens de cascas de árvores em área de manejo florestal. Foto: Divulgação

Os resultados impressionam: o melhor modelo, baseado na rede neural ResNet50 combinada com o algoritmo SVM, alcançou 95% de acurácia no reconhecimento das espécies. Para isso, os pesquisadores utilizaram mais de 2.800 imagens de ritidoma (casca externa), processadas em subimagens e analisadas por diferentes arquiteturas de redes neurais convolucionais.

Segundo Natally, a tecnologia tem potencial para transformar a forma como são feitos os inventários e a fiscalização. A tecnologia pode ser implementada em aplicativos móveis ou dispositivos portáteis, permitindo que técnicos e fiscais identifiquem espécies em campo, até mesmo em áreas remotas da Amazônia, de forma offline e com mais confiabilidade nos inventários florestais.”

Natally Celestino Gama, Pesquisadora Foto: Divulgação

 

Além de auxiliar o manejo, o sistema também é visto como ferramenta estratégica para coibir irregularidades. “O reconhecimento automático ajuda a combater fraudes, aumenta a rastreabilidade da madeira e evita a exploração indevida de espécies ameaçadas, garantindo maior conformidade legal e proteção da biodiversidade.”, destacou a pesquisadora.

Já o coautor e orientador da pesquisa, Deivison Venicio Souza¹, pesquisador e Professor da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pará – UFPA, destacou os próximos passos para que inovação saia do laboratório e chegue à prática: “Os próximos passos envolvem ampliar a base de imagens, validar o sistema em condições reais de campo e otimizar os modelos para que funcionem em celulares, tornando a ferramenta prática, acessível e de baixo custo.”

O estudo integra o projeto Deep Flora, que deverá expandir o banco de dados para outras espécies amazônicas e disponibilizar ferramentas abertas à comunidade científica e ao setor florestal.

Leia o artigo completo em: https://doi.org/10.3390/f16091374

¹pesquisador do rograma de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC)/UFPA e Programa de Pós-graduação em Ciências, Tecnologia e Inovação Florestal (PPGCTIF)/UFOPA e Professor da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pará – UFPA,


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