Descoberta de uma nova espécie de Bromélia na Mata Atlântica

Uma nova espécie de planta da Mata Atlântica foi identificada no Parque Estadual dos Três Picos (PETP), em uma região de Floresta Ombrófila Densa Altomontana, situada a 1.600 metros de altitude no Núcleo de Montanhismo de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

A descoberta foi feita pelo guarda-parque e fotografo Rodrigo Freitas em 2021, mas o artigo científico oficializando a espécie foi publicado apenas em agosto de 2024. Segundo Rodrigo, “a planta recebeu o nome de Nidunelia rodrigoana. O gênero Nidunelia foi criado por se tratar de um híbrido natural bigenérico entre o Nidularium antoineanum e a Quesnelia lateralis, enquanto o epíteto rodrigoana foi escolhido em minha homenagem, por ter feito a descoberta.”

Processo de Identificação

Em entrevista ao Portal Multiplix, Rodrigo relatou a sua experiência: “Tive sorte em registrar a planta com flores, haste floral e inflorescência. Era algo completamente diferente de tudo que eu havia observado em meus dez anos de pesquisa. Contudo, apresentava elementos similares a outras espécies, o que despertou minha curiosidade.”

Após a suspeita de que se tratava de uma nova espécie, dois exemplares foram coletados. Como a floração havia passado, foi necessário aguardar que as plantas jovens florissem. Quando isso ocorreu, novas fotografias e amostras genéticas foram obtidas e analisadas, confirmando que a espécie é um híbrido natural inédito.

Características Singulares

A haste floral e a inflorescência são as principais diferenças em relação às espécies parentais. A planta apresenta uma haste floral que termina em roseta, traço característico do Nidularium antoineanum. Contudo, as flores possuem peculiaridades herdadas da Quesnelia lateralis, como a coloração azul e flores parcialmente abertas.

Importância da Descoberta

Rodrigo destacou que “a descoberta de uma nova espécie endêmica reforça a necessidade de preservarmos áreas naturais protegidas. A extinção de uma planta como essa pode desequilibrar todo o ecossistema local, além de reduzir a biodiversidade do bioma.”

A Mata Atlântica é considerada um dos biomas mais ricos do mundo em biodiversidade, mas também um dos mais ameaçados. Atualmente, restam apenas cerca de 12% de sua cobertura original, o que torna imprescindível a manutenção de unidades de conservação como o PETP.

Relevância do Parque Estadual dos Três Picos

O PETP é o maior parque estadual do Rio de Janeiro, abrangendo 65.113 hectares em cinco municípios: Nova Friburgo, Teresópolis, Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Guapimirim. Sua área protege uma rica diversidade de flora e fauna, com destaque para as espécies endêmicas.

O ponto culminante do parque é o Pico Maior, com mais de 2.300 metros de altitude, sendo o topo da Serra do Mar. Essa região é conhecida por sua complexa formação de montanhas graníticas, o que contribui para a existência de micro-hábitats e espécies exclusivas.

Curiosidade sobre a Mata Atlântica

Apesar de ser o bioma mais estudado do Brasil, a Mata Atlântica ainda guarda mistérios e potenciais descobertas, como a Nidunelia rodrigoana. Essa descoberta evidencia que o conhecimento sobre o bioma é inacabado, reforçando a importância de investimentos em pesquisa e conservação.

A Mata Atlântica é também um dos 36 hotspots de biodiversidade do mundo, abrigando cerca de 20 mil espécies de plantas, das quais 8 mil são endêmicas. Preservar seus remanescentes é essencial não apenas para o equilíbrio ecológico, mas também para garantir avanços científicos futuros.

Fonte: Portal Multiplix