A agricultura familiar é uma poderosa aliada na luta contra as mudanças climáticas, conforme destaca o livro recém-lançado pela Contag em parceria com o Observatório do Clima, intitulado “Agricultura Familiar e os Sistemas Alimentares: Remoção de Carbono e Transição Justa”. Disponível gratuitamente para download, o material traz insights valiosos sobre práticas agrícolas sustentáveis como agroecologia, agricultura orgânica e sistemas agroflorestais.

Agroecologia e Sistemas Agroflorestais: Soluções Climáticas Eficientes
O livro reúne pesquisas científicas brasileiras que mostram claramente o potencial desses métodos para produzir alimentos, regenerar ecossistemas e reduzir emissões de gases do efeito estufa (GEE). Ao contrário das monoculturas, que frequentemente degradam ecossistemas com uso intensivo de químicos e recursos hídricos, os sistemas agroflorestais e orgânicos fortalecem a biodiversidade, melhoram a saúde do solo e promovem o sequestro de carbono.
Philip Kauders, CEO da Courageous Land, startup especializada em agroflorestas, ressalta que métodos regenerativos como agroflorestas e policultivos têm um desempenho muito superior às monoculturas convencionais na captura e armazenamento de carbono. Isso ocorre graças à complexidade biológica desses sistemas, que imitam os ecossistemas naturais, proporcionando retenção eficiente de carbono tanto no solo quanto na vegetação.
Para ampliar esses benefícios, o livro defende a criação de mecanismos financeiros, como créditos de carbono e pagamentos por serviços ambientais. Esses instrumentos seriam essenciais para reconhecer e incentivar o papel central dos pequenos agricultores na mitigação das mudanças climáticas.

Agricultura Familiar no Contexto Brasileiro
Segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, o Brasil é atualmente o quinto maior emissor global de gases-estufa, sendo que 74% das emissões nacionais são resultado do desmatamento e atividades agropecuárias. No entanto, apesar das políticas existentes para o setor agrícola, o enfoque dominante ainda é a monocultura voltada à exportação.
Dados do Banco Central apontam que 62% dos recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para a safra 2023/2024 foram aplicados principalmente em commodities como soja, milho e trigo na região Sul do país. O livro sugere reorientar esses investimentos para fortalecer práticas mais sustentáveis e diversificadas.
Tecnologias e Dados para uma Agricultura de Baixo Carbono
O livro enfatiza que investir em tecnologia e pesquisa para aprimorar práticas sustentáveis é uma prioridade estratégica. Essas tecnologias podem fornecer dados importantes para comparar os benefícios ambientais da agricultura regenerativa com as práticas convencionais, auxiliando na tomada de decisões políticas e econômicas mais responsáveis.
Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Contag, acredita que adotar essas recomendações pode transformar a agricultura familiar em um pilar central para a economia de baixo carbono no Brasil.

Produtos Florestais Não-madeireiros e Sociobioeconomia
Outro aspecto destacado pelo livro é a importância dos produtos florestais não-madeireiros, como açaí, castanha da Amazônia, baru, pequi, pinhão e látex, entre outros. Essas cadeias produtivas integram a sociobioeconomia, promovendo benefícios sociais e ambientais para as comunidades locais.
Carlos Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças, reforça que a agricultura familiar, com sua diversidade produtiva, é especialmente adaptável às mudanças climáticas. Espécies como abóboras, melancias e batata-doce são bons exemplos dessa adaptação, podendo garantir segurança alimentar em cenários climáticos desafiadores.
A Importância da Justiça Climática
O especialista também destaca a necessidade de uma transição justa, incluindo pequenos produtores, muitas vezes negligenciados nas políticas públicas e incentivos financeiros relacionados ao sequestro de carbono.
Em suma, fortalecer a agricultura familiar por meio da agroecologia e práticas regenerativas pode ser um caminho viável e sustentável para enfrentar os desafios climáticos atuais e futuros.
Fonte: Um só Planeta
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