Conheça a Exploração madeireira sustentável em Resex no Estado do Pará

Foto: Acervo IEB
Em Porto de Moz, região oeste do Pará, grupos de produtores agroextrativistas das comunidades tradicionais que habitam a Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre executam desde dezembro o manejo florestal comunitário. Com o apoio do Instituto Floresta Tropical (IFT), ocorre, simultaneamente, a operacionalização das atividades em dois polos que congregam três comunidades cada. O volume da madeira explorada está sendo comercializado por meio da união de esforços de um grupo interinstitucional que apoia a cadeia de valor da floresta na região.




Localizada às margens do rio Xingu, a Verde para Sempre é a maior Resex do Brasil, com uma porção territorial de mais de um milhão de hectares, e abriga uma imensidão verde que é a morada de uma fauna tipicamente amazônica. A luta para garantir o uso sustentável dos recursos naturais da floresta, com foco na exploração madeireira, durou mais de 10 anos até se concretizar em 2006, com a liberação do manejo florestal na comunidade Arimum pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), então responsável pelo território.




Foto: Acervo IEB

Dez anos se passaram e em 2016, com a assessoria do IFT, outras 5 comunidades foram contempladas com a aprovação dos Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFSe com a liberação de seis Autorizações de Exploração (AUTEX) emitidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As cinco comunidades, cujo a atividade madeireira faz parte da tradição local e que iniciaram as atividades de manejo florestal com exploração de impacto reduzido (MF-EIR), são: Por Ti Meu Deus, Paraíso, Itapéua, Espírito Santo e Ynumbi. Essas comunidades recebem apoio estratégico e operacional do IFT ao longo de todo o processo de planejamento e implementação dos Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), desde a elaboração até a execução em curso. Somando os seis projetos, são mais de 42 mil hectares de florestas comunitárias licenciadas para o manejo florestal madeireiro, com potencial estimado de 890 mil metros cúbicos em 30 anos.





Operacionalização

De acordo com Ana Carolina Vieira, coordenadora do Programa Florestas Comunitárias, as ações de fomento ao manejo florestal fortalecem e contribuem com os objetivos do Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, criado em 2009 pelo governo federal por meio do Decreto nº 6.874, de 5 de junho de 2009. “O PMCF tem por objetivo organizar as ações de Gestão e Fomento ao Manejo Florestal Sustentável em florestas que sejam objeto de utilização por agricultores familiares, assentados da reforma agrária e pelos povos e comunidades tradicionais”, explica Ana Carolina.
Foto: Acervo IFT
Em 2016, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) identificou a oportunidade de compor o arranjo interinstitucional criado para apoiar o Manejo florestal comunitário e familiar da Resex Verde para Sempre, aportando recursos de aproximadamente 800 mil reais, em parceria com a UFPA – Campus Altamira, para custear parcialmente as despesas com as atividades de colheita florestal e planejamento da comercialização da produção madeireira. Para complementar o aporte do SFB, o IFT captou outros 600 mil reais junto às instituições apoiadoras que atuam em parceria com o IFT na Amazônia.
Ana Carolina explica que, somadas, as dimensões das áreas de manejo das seis comunidades chegam a 565 hectares. “Espera-se um volume de madeira em tora de 13.000 m³. Nas atividades estão se envolvendo diretamente uma equipe de 42 manejadores comunitários que estão recebendo formação e assessoria técnica para a execução do manejo florestal”, comenta.
Iran Paz Pires, secretário executivo do IFT, destaca que as comunidades estão contribuindo com contrapartidas de mão de obra, alimentação, voadeiras e parte dos custos operacionais que serão custeados com a venda da produção madeireira. “Temos um desafio muito grande de apoiar a etapa de exploração nas seis comunidades, porém acreditamos no trabalho dos manejadores, dos parceiros e na equipe do IFT. As atividades operacionais estão no início, desafios estão postos, mas com essa somatória de forças o IFT e as comunidades obterão sucesso pretendido”, argumenta.
A estratégia de apoio operacional montada pelo IFT inclui a realização de cursos de aperfeiçoamento de técnicas exploratórias que abordam questão como: técnicas especiais de corte de árvores e segurança em manejo florestal; planejamento e operação de arraste em manejo florestal; e planejamento e construção de infraestruturas (pátios, estradas, pontes, etc), para citar alguns. Para isso, a instituição disponibilizou equipe técnica constituída por técnicos florestais e operadores que estão atuando nos polos do rio Acaraí, que congrega as comunidades Paraíso, Arimum e Por Ti Meu Deus e no polo Jaurucu, que congrega Itapéua, Espírito Santo e Ynumbí.
Comercialização.
Segundo Ana Carolina, o volume da madeira explorada é comercializado por meio da união de esforços de um grupo interinstitucional formado pelas seis comunidades e o Conselho de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz (CDS); IFT e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) que apoia a cadeia de valor da madeira na região. “O Grupo está atuando na busca de compradores para a safra de 2016 e assessorando as comunidades na elaboração dos contratos de compra e venda da madeira”, destaca Carolina.
Além disso, o grupo busca outras parcerias para fortalecer a comercialização, é o caso da BVRio. A instituição desenvolveu a plataforma online “Bolsa de Madeira” para a comercialização de produtos e subprodutos de origem madeireira e já inseriu no catálogo digital a madeira oriunda da Resex Verde para Sempre.
Via Newsletter IFT


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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