Como o DNA pode ajudar a recuperar Ecossistemas?

Cientistas são capazes de determinar quais espécies de peixes, fungos, algas, invertebrados e bactérias vivem em corpo d’água apenas inserindo uma pequena amostra de água de rio em um dispositivo menor que um smartphone

Essa realidade é possível graças à tecnologia de sequenciamento de DNA portátil que permite, além de conhecer as espécies, desvendar as interações entre elas.
Técnica conhecida como metabarcoding pode ajudar cientistas a identificar espécies de uma determinada área e a entender como interagem (imagem: Pocock, Evans & Memmott/ Science [2012] e Ecology Letters [2013])
De acordo com o professor Darren Evans da Newcastle University, no Reino Unido, essa ferramenta poderá ajudar a gerenciar melhor os ecossistemas e até mesmo a restaurar os que estão degradados.
O tema foi abordado pelo pesquisador durante uma palestra apresentada na FAPESP Week London, simpósio realizado na capital inglesa nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2019.
“O que se fez até hoje foi coletar espécies individuais e usar o sequenciamento para obter barcodes [códigos de barra] de DNA únicos para essas espécies”, disse Evans.
Pelo método DNA barcoding, não é necessário mais realizar o sequenciamento dos genes completo, pois este método permiti analisar apenas um trecho-chave, que fornece informações suficientes para identificar uma espécie.

Toda essa informação vai para repositórios públicos e qualquer um pode acessá-la. Mas isso ainda demora muito e tem alto custo. O que fizemos foi o metabarcoding, que usa uma plataforma diferente por meio da qual podemos processar talvez mil indivíduos em uma rodada de sequenciamento. E, em vez de usar esse resultado apenas para criar barcodes de DNA de cada espécime, nós também analisamos o que eles tinham de parasitas, fungos e qualquer outro organismo associado”, disse.

O novo método, portanto, estende a identificação de espécies baseadas em DNA para comunidades de indivíduos pertencentes a muitos grupos de espécies com papéis distintos no ecossistema. Os dados a respeito das interações desses indivíduos permitem definir as redes existentes entre eles e, muito rapidamente, descrever a biodiversidade de uma área.
“Isso vai revolucionar a forma como fazemos monitoramento ambiental, porque pode-se ir até um lugar e saber, ali mesmo, todos os organismos que vivem nele e como interagem entre si”, disse Evans à Agência FAPESP.
Com informações tão detalhadas, acrescentou, seria possível fazer um melhor gerenciamento dos ecossistemas e até mesmo recuperá-los quando necessário por meio da chamada engenharia da biodiversidade.
Em muitos ecossistemas, espécies chave foram extintas, dando espaço para outras similares que passaram a realizar a mesma função daquelas que desapareceram. Evans e seus colaborares acreditam que é possível modelar esse cenário e determinar quais espécies deveriam estar nesse espaço.
“Teríamos uma lista do que poderia aumentar a resiliência dessas redes. O desafio é como podemos colocar em prática essas ideias teóricas, restaurando sistemas naturais ou sistemas agrícolas”, disse.
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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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