Os eventos climáticos extremos, como as enchentes que devastaram grande parte do Rio Grande do Sul em maio e a seca que atinge a Amazônia antes do período habitual de estiagem, já causaram prejuízos de pelo menos R$ 6,7 bilhões ao agronegócio brasileiro.
No Brasil, esse setor é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa que contribuem para as mudanças climáticas. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), os danos, seja por perdas estruturais ou pelo impacto nas atividades, são significativos e seus efeitos ainda devem perdurar.
No Rio Grande do Sul, além das vidas perdidas, a crise climática resultou em prejuízos de R$ 5,4 bilhões para a agricultura e a pecuária. Na região Norte, onde a falta de chuvas tem reduzido drasticamente o volume de água dos rios, os danos à agricultura e à pecuária já chegam a quase R$ 1,3 bilhão, segundo a CNM. Com a continuidade da seca, a confederação alerta que esse valor deve aumentar à medida que novas informações sejam registradas pelas cidades, conforme destacado pela Globo Rural.
Na Amazônia, ribeirinhos relataram que a estação seca chegou mais cedo este ano, mas, segundo Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), a seca nunca foi embora. A especialista aponta que em muitas regiões do bioma a estiagem já dura um ano. Enquanto grandes produtores conseguem mitigar os efeitos da seca, muitos pequenos agricultores enfrentam dificuldades devido à falta de assistência técnica e energia.
Embora a CNM não mencione o Pantanal, a falta de chuvas e os incêndios também têm impactado o agronegócio local. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, 1,2 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo neste ano, incluindo áreas produtivas de pasto e infraestrutura. A seca também prejudica as pastagens, reduzindo a disponibilidade de alimento para o gado bovino. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado (SICADEMS), Sergio Capuci, já considera a possibilidade de diminuir o número de abates este ano.
A produção de soja, uma das principais exportações agrícolas do Brasil e também uma das maiores causas de destruição de biomas no país, também tem sofrido com os eventos climáticos extremos. Diversas regiões importantes para a produção de soja enfrentaram sérios problemas climáticos na última safra. No caso da produção de sementes, o calor e a falta de chuva foram os principais fatores que prejudicaram a qualidade e, em algumas localidades, até mesmo a oferta para a próxima safra.
Por fim, os eventos climáticos extremos também afetam o agronegócio europeu. A primavera excepcionalmente úmida deste ano e as condições caóticas do verão fizeram com que agricultores da Polônia ao Reino Unido se preparassem para impactos no sabor e no tamanho de suas colheitas, enquanto o sul da Europa enfrenta outra seca severa. Segundo a Bloomberg Línea, a produção de maçãs na União Europeia deve diminuir em 10%, a escassez de morangos está elevando os preços em algumas regiões, e a Itália enfrenta dificuldades para colher azeitonas suficientes para produzir azeite. “Ainda não sabemos o que o clima fez com as raízes das árvores frutíferas, e isso pode afetar as colheitas do próximo ano”, observa Lambert von Horen, analista sênior do Rabobank.
Fonte: Climainfo
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