O Brasil perdeu um terço de sua vegetação natural apenas nas últimas quatro décadas, e metade dessa destruição ocorreu na Amazônia, segundo dados alarmantes do MapBiomas divulgados nesta semana por ((o))eco.
O desmatamento desenfreado e a crise climática estão empurrando o bioma amazônico para um “ponto de não retorno”, onde ele pode colapsar, perdendo a capacidade de sustentar a biodiversidade, fornecer fontes de água e chuva e apoiar populações urbanas e rurais.
Essa transformação drástica tem sido chamada de “savanização”, sugerindo que a floresta se tornaria semelhante ao Cerrado, a savana brasileira. No entanto, cientistas de instituições brasileiras e internacionais defendem que o termo seja abandonado.
Em um artigo publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation, os pesquisadores analisaram 481 estudos que associavam a “savanização” a florestas desmatadas ou degradadas, o que, segundo eles, reforça preconceitos contra as savanas naturais.
Os cientistas destacam que o Cerrado é a maior e mais rica savana do mundo, mas recebe pouca atenção e recursos para sua conservação. Eles alertam para a negligência multissetorial em relação ao bioma, que ocupa um quarto do território brasileiro.
Críticas ao termo já haviam sido apresentadas em um artigo dos pesquisadores Annabelle Stefânia Gomes e Fabian Borghetti, da Universidade de Brasília (UnB), no livro Uma viagem pelo sertão: 200 anos de Saint-Hilaire em Goiás (2021).
Os autores enfatizam que o desmatamento e outros impactos não resultam em uma “simples troca de florestas nativas por savanas nativas”, como é frequentemente difundido em meios sociais e acadêmicos.
Pelo contrário, eles argumentam que isso gera uma vegetação que não representa nem uma floresta nem uma verdadeira savana, sendo mais pobre em biodiversidade e menos capaz de manter fontes de água e regular o clima.
“Savanas formadas por desmatamento, fogo e invasão de espécies exóticas apresentam baixa diversidade de espécies, não representam a vegetação nativa e tampouco desempenham seus serviços ecossistêmicos”, alertam os cientistas.
Fonte: ((o))eco
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