Cientistas querem banir o termo “savanização” para colapso da Amazônia

O Brasil perdeu um terço de sua vegetação natural apenas nas últimas quatro décadas, e metade dessa destruição ocorreu na Amazônia, segundo dados alarmantes do MapBiomas divulgados nesta semana por ((o))eco.

A Amazônia concentra metade das perdas de vegetação nativa no Brasil, desde 1985. Foto: ESA/Alexander Gerst/Creative Commons

O desmatamento desenfreado e a crise climática estão empurrando o bioma amazônico para um “ponto de não retorno”, onde ele pode colapsar, perdendo a capacidade de sustentar a biodiversidade, fornecer fontes de água e chuva e apoiar populações urbanas e rurais.

Essa transformação drástica tem sido chamada de “savanização”, sugerindo que a floresta se tornaria semelhante ao Cerrado, a savana brasileira. No entanto, cientistas de instituições brasileiras e internacionais defendem que o termo seja abandonado.

Em um artigo publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation, os pesquisadores analisaram 481 estudos que associavam a “savanização” a florestas desmatadas ou degradadas, o que, segundo eles, reforça preconceitos contra as savanas naturais.

Os cientistas destacam que o Cerrado é a maior e mais rica savana do mundo, mas recebe pouca atenção e recursos para sua conservação. Eles alertam para a negligência multissetorial em relação ao bioma, que ocupa um quarto do território brasileiro.

Críticas ao termo já haviam sido apresentadas em um artigo dos pesquisadores Annabelle Stefânia Gomes e Fabian Borghetti, da Universidade de Brasília (UnB), no livro Uma viagem pelo sertão: 200 anos de Saint-Hilaire em Goiás (2021).

Paisagem típica de Cerrado conservado. Foto: Hudson Pontes da Silva/Creative Commons

Os autores enfatizam que o desmatamento e outros impactos não resultam em uma “simples troca de florestas nativas por savanas nativas”, como é frequentemente difundido em meios sociais e acadêmicos.

Pelo contrário, eles argumentam que isso gera uma vegetação que não representa nem uma floresta nem uma verdadeira savana, sendo mais pobre em biodiversidade e menos capaz de manter fontes de água e regular o clima.

“Savanas formadas por desmatamento, fogo e invasão de espécies exóticas apresentam baixa diversidade de espécies, não representam a vegetação nativa e tampouco desempenham seus serviços ecossistêmicos”, alertam os cientistas.

Fonte: ((o))eco


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Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

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