Foto: Embrapa |
De acordo com um relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a demanda global por gel de álcool aumentou dez vezes em comparação a 2019 devido à pandemia de coronavírus (COVID-19).
Isso leva à falta de carbopol, o principal espessante usado no processo de fabricação. Esse problema levou a Agência Nacional de Inspeção Sanitária (Anvisa) a flexibilizar as regras para a produção de álcool em gel, e várias agências agiram na produção e fornecimento de produtos.
O laboratório de tecnologia de madeira da Embrapa Florestas estuda diferentes formulações para usar nanocelulose de pinus e eucalipto como espessante em vez de carbopol para preparar álcool 70%. A celulose branqueada passa por um processo de desfibrilação mecânica para formar uma suspensão aquosa de nanocelulose, que possui propriedades de gel e pode substituir o carbopol durante a emulsificação.
“Começamos com a polpa branqueada de pinus porque ela dá origem a uma suspensão de nanocelulose com maior viscosidade que a de eucalipto. Mas logo em seguida testamos a polpa de eucalipto e adaptamos formulações”, explica o pesquisador da Embrapa Washington Magalhães.
O MFC é produzido sob a cooperação do campo de pesquisa e desenvolvimento da Klabin e possui uma planta piloto para a produção de MFC, que pode obter um grau de desfibrilação adequado para a produção de álcool gel. O gerente da empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Klosin, Carlos Augusto Santos, disse: “A equipe está focada no desenvolvimento de novos produtos e processos”.
Veja o vídeo que detalha o processo de fabricação do álcool gel com nanocelulose:
Produto usado por fiscais em postos de fronteira
Na primeira fase, 100 litros de álcool antisséptico 70% foram enviados à Vigilância Sanitária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para uso especialmente em postos de fronteira do Paraná e de Santa Catarina.
“Nossa equipe já testou a formulação em relação à efetividade e estamos seguros da qualidade do produto, pois todos os ingredientes fazem parte do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira”, esclarece Magalhães. O pesquisador ressalta que o álcool usado é o 92,8 GL, proveniente de fabricantes tradicionais, e que o trabalho consistiu em transformá-lo em gel antisséptico 70%.
Em paralelo, o trabalho continua com a definição de outras “formulações” para fabricação de álcool em gel, utilizando diferentes nanoceluloses. “A parceria com a Klabin vai ampliar nossa capacidade de produção e de distribuição neste momento de pandemia, além de fortalecer a contribuição técnica entre os times”, explica o cientista da Embrapa. “Feito em pequena escala, pois nossos laboratórios não estão preparados para grandes produções.”
Aperfeiçoamento coletivo na rede da Embrapa
Para isso, a MFC será distribuída para outras unidades da Embrapa em todo o Brasil, com instruções para a preparação de álcool antisséptico em gel, de forma que cada uma delas possa manipular o produto e usá-lo no seu dia a dia. Uma vantagem é que esse repasse permitirá que outros laboratórios experimentem e sugiram aperfeiçoamentos de formulação.
Como se trata de uso experimental, neste momento os produtos terão distribuição dirigida e controlada, seguindo normas e protocolos de segurança. “Entendemos que a agilidade é imperativa neste momento, mas precisamos fazer com segurança”, pondera o cientista.
A nanocelulose utilizada na pesquisa provém de polpa de celulose branqueada, que também é matéria-prima na fabricação de papel, papelão ondulado e fraldas descartáveis, por exemplo. “Esse é mais um uso para a matéria-prima de plantios florestais”, declara Magalhães. “São produtos presentes no dia a dia que a população em geral nem faz ideia que vêm de árvores plantadas com fins produtivos, de forma renovável e sustentável”.
Aperfeiçoamento coletivo na rede da Embrapa
Os pesquisadores da Embrapa Florestas (PR) provaram que a nanocelulose microfibrilada (chamada MFC) de pinus e eucalipto pode ser usada como espessante e emulsificante para preparar eficazmente o álcool anti-séptico e o álcool em gel, usados para evitar a contaminação por coronavírus e a enorme demanda no mercado consumidor.
De acordo com um relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a demanda global por gel de álcool aumentou dez vezes em comparação a 2019 devido à pandemia de coronavírus.De acordo com um relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a demanda global por gel de álcool aumentou dez vezes em comparação a 2019 devido à pandemia de coronavírus.
Fonte: Embrapa
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