Câmara aprova texto-base do projeto que altera regras de demarcação em terras indígenas

Alguns pontos do projeto são considerados polêmicos; presidente da FPA diz que direitos dos indígenas será respeitado

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta quarta, 23, o texto-base de um projeto de lei que pretende alterar as regras de demarcação de terras indígenas no país. O PL do relatório é um substitutivo do projeto de lei 490 de 2007, e outros projetos que estão anexados nele.

 (crédito: Tiago Miotto/Cimi)
(crédito: Tiago Miotto/Cimi)

 

A principal mudança e que é objeto de polêmica trata sobre um marco temporal para reaver a questão de demarcação de terras. Ele estabelece que, para que as terras sejam consideradas como indígenas, os povos devem ocupar aquele espaço desde a data da promulgação da Constituição Federal, ou seja, 5 de outubro de 1988.

Com este marco temporal, será necessário que os povos indígenas preencham novos requisitos para ter direito a terra, como uso permanente do local, uso para atividades produtivas e preservação da cultura.

Outra mudança prevista é quando houver reinvindicação indígena sobre a terra, caso o produtor esteja ocupando o espaço, poderá usufruir da terra até que toda análise sobre a posse seja concluída pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

O texto base prevê que as terras que já foram demarcadas não podem ter ampliação de faixa. Caso o projeto seja sancionado, alguns processos nesse sentido precisarão serem reavaliados.

Outro ponto que levantou polêmica é a autorização da entrada de forças nacionais em terras indígenas em casos que envolvam a soberania nacional.

Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Sérgio Souza, o projeto não fere o direito das comunidades indígenas. “Se determinada terra pertence ao índio, isso não será retirado dele. Caso o Estado brasileiro tenha interesse, terá que pagar o preço justo. Agora se pertence ao produtor rural não pode ser tirada dele”.

“Para casos em que precisarem garantir a segurança energética do país, para exploração de riquezas minerais, a apropriação só será feita com a autorização do Congresso”, complementa o deputado.

Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, outros destaques do projeto sobre demarcação de terras indígenas ainda serão votados na próxima segunda-feira, 28.

Indígenas param rodovia de SP em ato contra mudança na demarcação de terras

Em protesto contra a mudança nas regras de demarcação das terras, líderes indígenas interditaram totalmente a pista sentido capital da Rodovia dos Bandeirantes, na manhã desta 6ª feira (25.jun.2021).

Manifestantes bloquearam Rodovia dos Bandeirantes sentido capital Reprodução / Rede Globo

O ato é organizado pelas comunidades Guarani em São Paulo e faz parte do “Levante Pela Terra“, que montou acampamento no Eixo Monumental, no DF (Distrito Federal).

Além das novas regras para demarcação de terras, os manifestantes também criticam a nomeação de Joaquim Álvaro Pereira Leite para o Ministério do Meio Ambiente. O ministro era da equipe do ex-ministro Ricado Salles e tem proximidade com o agronegócio.

Fonte: Poder 360 / UOL


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Lucas Monteiro

Engenheiro Florestal com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Perícia e Auditoria ambiental . Formação de Auditor nos sistemas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001 e FSC® (FM/COC). Experiência em Due Diligence Florestal, mitigação de riscos ambientais e Cadeia de suprimentos da Madeira para mercados internacionais (EUDR e Lacey Act).

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