O principal uso da Cabacinha ou buchinha-do-norte é no tratamento da rinossinusite causada por bactérias, isso porque possui propriedade antisséptica e expectorante, ajudando a promover a eliminação da bactéria responsável pela infecção e favorecendo a liberação de muco.
Em meio aos relatos de benefícios e relatos de problemas relacionados ao uso desse conhecido vegetal, é comum confundir a população com a informação que sem o devido trato na divulgação pode desinformar! E esse texto vem justamente pra ajudar a elucidar confusões que ficam na cabeça do cidadão que quer um produto de fácil acesso, barato e seguro para tratar algo tão recorrente como por exemplo, uma Sinusite, e o intuito aqui é entender a Cabacinha ou Buchinha do Norte: do benefício ao perigo!
A planta medicinal Identificada cientificamente como Luffa operculata e conhecida como buchinha-do-norte, ou também chamada de abobrinha-do-norte, cabacinha, buchinha ou purga, tem sido amplamente utilizada no tratamento de sinusites e rinites, devido às suas propriedades expectorantes e antissépticas. No entanto, é necessário ter cuidado, uma vez que essa planta também possui a capacidade de causar contração muscular no útero e induzir a morte do tecido da placenta, o que pode resultar em abortos, no entanto, é fundamental ressaltar que seu uso deve ser feito apenas sob orientação médica, pois trata-se de uma planta altamente tóxica, e vamos entender isso um pouco mais.
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No Programa de Fitoterapia do Herbário Ático Seabra, a Essência de Cabacinha destaca-se como um dos fitoterápicos mais relevantes. Esse medicamento natural é obtido por meio da infusão do fruto da Luffa operculata (cabacinha) em álcool, e possui indicação para o tratamento de sinusite, renite e problemas relacionados à adenóide.
A pesquisadora farmacêutica Terezinha Rêgo, encarregada do desenvolvimento dessa essência, relata que, ao longo de suas pesquisas para sua tese de Doutorado em 1966, foi afetada por sinusite, o que a motivou ainda mais a investigar as propriedades medicinais da cabacinha. Ela menciona ter ouvido diversos relatos sobre as características terapêuticas dessa planta, sendo esse fator decisivo para o início da pesquisa e afirmou “Tive problemas para isolar o princípio ativo da cabacinha, pois a planta possui um alcalóide corrosivo, que causa sangramento na narina”, As pesquisas para eliminar os efeitos colaterais duraram 20 anos, principalmente pela falta de condições técnicas. Em São Paulo, Terezinha desenvolveu a essência, após descobrir que o alcalóide corrosivo se encontrava na semente.
Ao revelar sua experiência, a pesquisadora afirma: ‘Fui a primeira pessoa a utilizar esse fitoterápico. Utilizei um frasco de 50ml e nunca mais sofri com problemas de sinusite. Tenho um carinho especial pela essência, pois foi o que me curou.’ Esse depoimento pessoal foi fundamental para o reconhecimento do trabalho da professora, que se expandiu a partir dos relatos de pessoas beneficiadas pelo medicamento.
A matéria-prima utilizada na produção desse fitoterápico, a cabacinha, difere das demais plantas cultivadas no Horta Medicinal da UFMA, pois é importada de uma fazenda em Cajapió. Isso ocorre porque o solo de São Luís não é adequado para o cultivo dessa planta. A Essência de Cabacinha foi o primeiro fitoterápico desenvolvido por Terezinha Rêgo.
Atualmente, o medicamento está disponível em duas concentrações: uma para uso pediátrico (1 a 10 anos) e outra para uso adulto (11 a 60/70 anos). A professora recomenda uma gota em cada narina, pela manhã e à noite, para crianças, e duas gotas para adultos. A Essência de Cabacinha inclusive é comercializada no Herbário. No entanto, pessoas de baixa renda que estão cadastradas no Programa de Extensão da Universidade têm acesso gratuito ao medicamento.
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Além das propriedades antisséptica e expectorante, tem sido relatado que a buchinha-do-norte tem também ação anti-herpética, adstringente, diurética, vermífuga e emética, de forma que essa planta também poderia ser utilizada para auxiliar no tratamento de feridas, infecção por parasitas, ascite e infecção pelo vírus da herpes, no entanto são necessários mais estudos para confirmar essas propriedades.
É importante que o uso da buchinha-do-norte seja recomendado pelo médico ou fitoterapeuta, isso porque é bastante tóxica, principalmente o fruto, podendo causar em dor abdominal, náuseas, vômitos e hemorragia, o que pode colocar a vida em risco.
Riscos associados à buchinha-do-norte
A buchinha-do-norte, uma planta medicinal, é altamente tóxica, especialmente o seu fruto, o que implica em riscos significativos para a saúde quando consumido de forma frequente ou em grandes quantidades.
Um dos principais riscos do consumo regular da buchinha-do-norte é o risco de hemorragia, resultando na redução da quantidade de líquidos no organismo e na acumulação de toxinas na corrente sanguínea, levando ao estado de choque, o qual pode representar um perigo de vida para a pessoa. É importante conhecer mais sobre os sintomas do choque, o fruto da buchinha também é usado de forma indiscriminada por mulheres que tentam interromper uma gestação. Muitas pessoas fazem uso dessa planta por acreditarem que por ser um produto natural não trará riscos à saúde materna, além de, muitas vezes, nem comunicarem ao médico uma gestação e sua interrupção. A substância responsável pela ação embriotóxica e abortiva é a chamada Cucurbitacina e quando consumida regularmente durante a gravidez, mesmo na forma de chá, a buchinha-do-norte pode aumentar o risco de aborto, uma vez que é capaz de estimular as contrações uterinas, além de possuir efeitos tóxicos sobre o embrião, podendo afetar o desenvolvimento fetal ou resultar na morte do tecido placentário.
Além disso, o uso do spray nasal contendo buchinha-do-norte para tratar a rinossinusite pode causar sangramento nasal, alterações no olfato, irritação no nariz e, em casos extremos, necrose dos tecidos nasais e somado esses fatos, o seu uso pode também levar a evacuações abundantes, cólicas intensas, enjoo, vômitos, graves hemorragias e aborto. Em grandes quantidades, o chá preparado para uma tentativa de aborto pode causar a morte da mãe, sendo que alguns estudos afirmam que um valor de aproximadamente 1g do extrato da buchinha pode ser suficiente para matar um adulto.
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Formas de uso
A buchinha-do-norte deve ser utilizada estritamente de acordo com as orientações, não sendo recomendado consumir o fruto cru, devido à sua toxicidade. Uma das formas de consumo é através da preparação de água de buchinha-do-norte, que pode ser utilizada para pingar no nariz em casos de sinusite ou para lavar feridas, por exemplo.
Para preparar a água, basta descascar o fruto, retirar um pedaço pequeno e deixá-lo em 1 litro de água por aproximadamente 5 dias. Após esse período, remover o fruto e utilizar conforme as recomendações.
Estudos indicam que 1 grama de buchinha-do-norte pode ter efeitos tóxicos em um adulto com peso de 70 kg, portanto, é fundamental que o uso dessa planta seja feito apenas sob orientação médica, portanto, cuidado na hora de consumir produtos sem o devido conhecimento de seu funcionamento, afinal, a diferença entre o benefício e o malefício nesse caso, é a dosagem!
Referências: UFMA, Tua Saúde, PPMac, Brasil Escola
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