Brasileiros querem gerar a própria energia

Num
país que fechou o segundo ano em recessão e iniciou 2017 com 12 milhões de
desempregados, todo mundo quer e precisa economizar. Pode ser no supermercado,
no transporte e, porque não, na conta de luz.
A energia elétrica teve papel protagonista em várias manchetes em
2015: praticamente todo mês um aumento novo era anunciado, totalizando mais de
50% na média nacional e 80% em algumas regiões. Ela perdeu um pouco o brilho em
2016, e parece cedo para dizer o que será deste ano, apesar de já estarmos em
janeiro.
É por isso que, quando recebemos o resultado da pesquisa sobre
micro e minigeração de energia encomendada ao Datafolha, não nos surpreendeu o
dado de que para 48% da população economizar na conta de luz é a principal motivação
para gerar sua própria energia, por meio de placas solares, por exemplo. 
O segundo lugar, no entanto, foi sim surpreendente: 17% das pessoas
se veem mais motivadas pela possibilidade de se tornarem independentes das
distribuidoras de energia.
 No
resultado regional, esse número sobe para 25% no Norte e Centro-Oeste.
Verdade seja dita, a independência da distribuidora de energia é,
na maioria das vezes, simbólica, mas ainda assim poderosa. O consumidor pode
escolher acoplar baterias ao seu sistema – que podem, de forma prática,
torná-lo completamente independente da distribuidora de energia -, ou não, caso
em que precisará utilizar a própria rede elétrica como bateria, consumindo dela
à noite, por exemplo.
Instalação de placas solares em escola de Uberlândia Foto: Otávio Almeida/Greenpeace
A curiosidade fica em saber se há um efeito de ação-reação nessa
resposta ou não. Será que esses 17% sabem que algumas dessas distribuidoras
estão, hoje, entre as mais resistentes à autogeração de energia? Essa oposição
vem das mais diversas formas: ao querer impor aos clientes uma nova forma de
tarifa pela qual é cobrado, separadamente, tanto a eletricidade consumida como
a utilização da rede de distribuição; no recorrente descumprimento dos prazos e
na exigência muitas vezes abusiva de documentações para que haja a conexão das
placas solares ou das torres eólicas à rede elétrica.
Se a oposição é forte, maior é o potencial de crescimento da micro
e mini geração. Hoje são mais de 6.000 sistemas conectados à rede elétrica, um
crescimento de mais de 300% se comparado ao mesmo período do ano passado. E a
Agência Nacional de Energia Elétrica já deu a letra: até 2024 o Brasil pode ter
mais de 1,2 milhão de sistemas. Com 80% da população já sabendo da possibilidade de gerar sua própria
energia
, só falta mesmo facilitar seu acesso, afinal 72% disseram
que fariam a aquisição do sistema de autogeração se houvessem linhas de crédito
com juros baixos e 50% estaria disposta a usar seu FGTS
.
Em qualquer das hipóteses, contudo, gerar sua própria energia é um
ato de independência e empoderamento. Representa fortalecer os pequenos e
médios negócios e devolver ao cidadão o poder de escolher de onde ele quer que
sua eletricidade venha, deixando claro que não é de grandes empreendimentos que
muitas vezes ferem direitos humanos e princípios éticos que tanto precisamos
ver fortalecidos.


Descubra mais sobre Florestal Brasil

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Comenta ai o que você achou disso...