Em continuação das atividades do Programa Cooperativo em Proteção Florestal (PROTEF) do IPEF, através do seu Projeto Cooperativo de Manejo de Pragas Exóticas do Eucalipto (PCMPEE), iniciaram-se os esforços para a instalação do programa de controle biológico para vespa-de-galha (Leptocybe invasa).
Nota:
A vespa-da-galha Leptocybe invasa (Hymenoptera: Eulophidae) é uma praga exótica, originária da Austrália. A praga ataca as folhas, formando galhas nas nervuras centrais, pecíolos e ramos finos. Essas galhas causam deformação das folhas, quando presentes na nervura central e pecíolo, e desfolha e secamento de ponteiros, quando presentes nos ramos mais finos (figura 7). Provavelmente as galhas, que são hiperplasia celular causada por alguma substância injetada pelo ovipositor da fêmea, causam o bloqueio do fluxo normal de seiva, levando à queda das folhas. Esses danos podem levar a parada de crescimento de mudas e árvores, podendo comprometer a produtividade de clones suscetíveis.
Foi concedida no ano passado, pelo Ministério da Agricultura, a permissão para importação do parasitoide Selitrichodes neseri, uma vespa que coloca seus ovos dentro das galhas no eucalipto. Com seu desenvolvimento, as larvas do parasitoide se alimentam da vespa-de-galha, provocando sua morte. Este inimigo natural será importado da África do Sul, também através da parceria estabelecida no BiCEP, que já desenvolve estudos com este parasitoide a algum tempo.
Para os próximos meses está previsto o envio de duas remessas ao Brasil, sendo então enviadas ao Laboratório Quarentenário “Costa Lima”, dentro das instalações da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna (SP). O material importado permanece em quarentena até que o profissional responsável proceda com sua liberação. Este procedimento garante a segurança da importação, uma vez que impede que outros agentes exóticos (insetos, fungos, bactérias etc) sejam introduzidos no Brasil de forma irresponsável.
Após deixar a quarentena, o material será distribuído para a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP e para Embrapa Florestas, onde se realizarão todos os estudos que irão traçar as estratégias para criação e liberação em campo.
Em maio, o pesquisador Leonardo Rodrigues Barbosa (Embrapa Florestas) visitou as instalações do Laboratório de Controle Biológico de Pragas Florestais nas dependências da FCA/UNESP, para acompanhar e trocar experiências sobre a criação para pesquisa da vespa-de-galha.
Devido ao processo de importação de seu inimigo natural, é necessária a manutenção da praga em laboratório para condução dos experimentos necessários para avaliação do potencial deste inimigo natural, bem como iniciar a elaboração de um protocolo para multiplicação massal.
Durante a visita discutiram-se estratégias e técnicas para se alcançar melhores resultados na criação da praga, como adequação da estrutura do laboratório, criação em gaiolas e casas de vegetação, entre outros.
Para o pesquisador Leonardo Barbosa, “a visita foi bastante proveitosa. Aprendemos como a vespa da galha vem sendo manejada em laboratório e definimos as principais estratégias de como a Embrapa Florestas poderá colaborar com o programa de controle biológico dessa praga”.
Intercâmbio com BiCEP
No último ano, o IPEF se filiou ao Centro de Controle Biológico para Pragas de Eucalipto, sigla inglesa BiCEP, uma iniciativa entre instituições do Brasil, Austrália e África do Sul, que visa aumentar a rede de comunicação e fomentar a integração entre pesquisadores destes países.
Este centro tem por objetivo estudar as principais pragas e doenças do eucalipto, principalmente na Austrália que abriga os inimigos naturais destas pragas. Como início do intercâmbio entre pesquisadores, também em maio, Amanda Rodrigues (FCA/UNESP), viajou para realizar parte de suas pesquisas de doutorado junto a Universidade de Sunshine Coast, na Austrália, com auxílio do Programa Ciências Sem Fronteiras.
Amanda tem dedicado seu trabalho de doutorado para estudos com a vespa-de-galha do eucalipto, e durante o tempo que estiver na Austrália irá realizar um levantamento de outras espécies de vespas galhadoras que atacam o eucalipto, bem como seus inimigos naturais, procurando cada vez mais conhecer e se antecipar a possíveis ameaças de introduções de novas pragas no Brasil, garantindo a segurança dos plantios de eucaliptos no país.
Ainda neste estudo, pretende-se testar a susceptibilidade de espécies do gênero com base nos materiais comerciais já plantados, bem como demais de interesse econômico.
Durante seu tempo na Austrália, Amanda terá seus trabalhos orientados pelo Dr. Simon Lawson, entomologista florestal da Universidade de Sunshine Coast e também um dos idealizadores do BiCEP.
Fonte: Painel florestal e IPEF
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