As informações oficiais sobre a destruição de áreas da Floresta Amazônica vêm do Projeto Prodes, que é conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Um dos temas a ganhar destaque durante o primeiro debate do segundo turno das eleições de 2022 foi o desmatamento da Amazônia.
No segundo bloco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o atual governo está “brincando de desmatar, de ‘abrir cerca’, de derrubar árvores”.
“Nós vamos ganhar as eleições para poder cuidar da Amazônia e não permitir que haja invasão de terra indígena e garimpo ilegal.”
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, rebateu e pediu que os espectadores fizessem uma pesquisa na internet.
“Dá um Google: ‘desmatamento de 2003 a 2006’, nos quatro anos de governo Lula. Depois pesquise ‘desmatamento de 2019 a 2022′”, disse.
Olhando para Lula, Bolsonaro emendou: “No seu governo, foi desmatado o dobro do que no meu”.
Mas o que dizem os dados?
De fato, a área total de floresta destruída durante os três primeiros anos do governo Lula foi maior em comparação com o mesmo período de Bolsonaro no cargo — mas a taxa de desmatamento foi reduzida significativamente e chegou aos menores patamares históricos entre 2006 e 2015, especialmente no período em que Dilma Rousseff (PT) assumiu a Presidência.
Para se ter uma ideia, a área desmatada por ano caiu praticamente cinco vezes entre 2003 e 2015.
Na contramão, os números voltaram a subir mais recentemente, com uma nova aceleração do desmatamento entre os governos de Michel Temer (MDB) e de Bolsonaro.
Entre 2016 e 2021, a área destruída a cada ano quase dobrou.
Confira a seguir o que mostram os números sobre o desmatamento na Amazônia.
Freio e acelerador
As informações oficiais sobre a destruição de áreas da Floresta Amazônica vêm do Projeto Prodes, que é conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
O órgão faz esse monitoramento por satélites desde 1988 e os dados obtidos servem de base para que o governo atualize as políticas públicas relacionadas à região e à preservação ambiental.
Em números absolutos, é possível conferir que a área desmatada na Amazônia em 2003, primeiro ano do governo Lula, foi de 25,3 mil quilômetros quadrados.
No ano seguinte, a área destruída cresceu para 27,7 mil km².
A partir de 2005, porém, houve uma queda nesses índices.
Foram 19 mil km² naquele ano, seguidos de 14,2 mil (2006), 11,6 mil (2007), 12,9 mil (2008), 7,4 mil (2009) e 7 mil (2010).
Ou seja: ao longo dos dois mandatos do petista, a taxa de desmatamento caiu 67%.
Os números continuaram em descenso durante o governo de Dilma Rousseff: o ano com menos desmatamento na Amazônia na série histórica foi 2012, quando 4,5 mil km² foram devastados.
A partir de então, a área destruída só se ampliou: com exceção de 2014 e 2017, todos os anos recentes registraram um aumento nas taxas do Inpe.
E o que aconteceu especificamente desde que Bolsonaro assumiu a Presidência?
No primeiro ano do atual governo, em 2019, a área desmatada foi de 10,1 mil km².
Os índices continuaram em ascensão em 2020 (10,8 mil km²) e em 2021 (13 mil km²). Os dados de 2022 ainda não estão disponíveis.
Ou seja: a taxa de desmatamento subiu 73% nos três primeiros anos da gestão Bolsonaro.
Outra ponderação feita por ambientalistas envolve o legado que cada presidente recebeu do governo anterior.
O desmatamento em 2002, quando o presidente ainda era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi de 21,6 mil km².
Já em 2018, último ano de Michel Temer (MDB) na Presidência, foram 7,5 mil km² de floresta destruída — uma proporção três vezes menor.
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E os outros biomas?
O Inpe também faz um monitoramento parecido no Cerrado desde 2001.
O movimento dos gráficos é bem parecido ao que aconteceu na Amazônia: crescimento na área absoluta desmatada durante os dois primeiros anos de governo Lula (28,8 mil km2 em 2003, número que se repetiu em 2004) e queda sustentada entre 2005 (16,9 mil) e 2012 (9 mil).
O índice de desmatamento nesse bioma voltou a subir em 2013 (13,5 mil), mas apresentou uma nova diminuição entre 2014 (10,9 mil) e 2019 (6,3 mil).
Em 2020 e 2021, o desmatamento no Cerrado se elevou de novo e atingiu 7,9 mil e 8,5 mil km², respectivamente.
Já na Mata Atlântica, foram desmatados 21,6 mil hectares (ha) entre 2020 e 2021, um aumento de 66% em relação a 2019 e 2020 (13 mil ha) e 90% entre 2017 e 2018 (11,3 mil ha), quando foi atingido o menor valor da série histórica.
Os dados foram compilados pela ong SOS Mata Atlântica.
Por fim, o MapBiomas revela uma situação parecida no Pantanal. A área devastada subiu de 24,3 mil ha em 2018 para 31,7 mil em 2019 e 42,8 mil em 2020.
O menor índice de destruição desse bioma foi registrado em 2015, quando 23 mil ha foram desmatados.
Fonte: Correio Braziliense, BBC
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