Árvores da Amazônia estão ficando maiores, revela estudo global da Nature

Análise de 30 anos mostra que as árvores amazônicas aumentaram 3,3% por década, impulsionadas pelo CO₂ — mas a floresta se torna mais desigual e vulnerável ao clima extremo.

As árvores da Amazônia estão ficando maiores, contrariando as previsões de colapso florestal. Um estudo publicado na revista Nature Plants em outubro de 2025 revelou que o tamanho médio das árvores amazônicas aumentou 3,3% por década nos últimos 30 anos. O fenômeno, observado em toda a região, está ligado ao aumento da concentração de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera — um “efeito fertilizante” que estimula o crescimento vegetal e reforça, por enquanto, o papel da floresta como sumidouro global de carbono.

árvores da Amazônia estão ficando maiores
Foto; Reprodução/Greenpeace.

A pesquisa, coordenada por Adriane Esquivel-Muelbert (Universidade de Birmingham) e Rebecca Banbury Morgan (Universidade de Bristol), analisou 188 parcelas de florestas maduras monitoradas ao longo de 30 anos. Os resultados indicam um padrão claro de aumento de tamanho e biomassa das árvores, em todas as regiões da Amazônia.

Crescimento acelerado em toda a floresta

O estudo mostra que o tamanho médio das árvores aumentou 3,3% por década, enquanto o tamanho máximo cresceu 5,8%. Mesmo com leve redução na quantidade de árvores pequenas, houve um crescimento expressivo no número de árvores grandes, especialmente aquelas com diâmetro acima de 40 centímetros — aumento de 6,6% por década.

Amazônia abriga 55 milhões de árvores gigantes com mais de 60 metros de altura

Essas tendências foram registradas em toda a Amazônia, do Escudo das Guianas ao Oeste Amazônico, demonstrando que o fenômeno é generalizado.

O papel do CO₂ e o “efeito fertilizante”

Os cientistas atribuem o crescimento à elevação do CO₂ atmosférico, que age como fertilizante natural, estimulando a fotossíntese e a absorção de carbono. Árvores grandes, com maior acesso à luz, se beneficiam mais, mas até as menores apresentam ganhos de crescimento.

Segundo Esquivel-Muelbert, “o aumento de recursos como o CO₂ favorece tanto as árvores grandes, que dominam o dossel, quanto as pequenas, que antes viviam no limite de energia”.

Essa dinâmica ajuda a explicar por que a Amazônia ainda atua como sumidouro de carbono, absorvendo mais CO₂ do que emite.

Clima extremo e riscos futuros

Os pesquisadores alertam que esse “crescimento compensatório” pode ser temporário. Eventos extremos — secas, queimadas, ventos e raios — estão se tornando mais frequentes e podem atingir com mais força as árvores gigantes, justamente as que mais estocam carbono.

“Até agora, os efeitos positivos do CO₂ têm superado as perdas causadas pelo aquecimento global. Mas não sabemos até quando essa balança continuará equilibrada”, afirmam os autores.

Uma floresta mais desigual

O estudo mostra também que a floresta está se tornando mais desigual. O coeficiente de Gini aumentou 1% por década, indicando que as árvores grandes estão ocupando cada vez mais espaço e biomassa, enquanto as menores diminuem em número.
Essa concentração de carbono nas árvores gigantes torna o ecossistema mais eficiente, mas também mais vulnerável a eventos climáticos extremos.

Resiliência com limites

Os dados revelam que, até o momento, os efeitos negativos das mudanças climáticas na Amazônia têm sido mitigados pelo efeito fertilizante do CO₂. Contudo, a resiliência da floresta é finita.
Se a mortalidade das grandes árvores aumentar nas próximas décadas, o sumidouro de carbono pode colapsar, transformando a Amazônia em uma fonte líquida de emissões.

O que está em jogo

A pesquisa conclui que o futuro climático global dependerá do destino das árvores gigantes amazônicas, que armazenam a maior parte do carbono florestal e sustentam a estrutura ecológica da floresta.

“A floresta amazônica está crescendo, mas também se tornando mais vulnerável. O aumento do tamanho médio das árvores mostra resiliência, mas reforça a urgência em protegê-las”, resume o artigo.

Fonte:

Esquivel-Muelbert, A. et al. (2025). “Increasing tree size across Amazonia.” Nature Plants, 11(10), 2016–2025.
DOI: 10.1038/s41477-025-02097-4


Descubra mais sobre Florestal Brasil

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Arthur Brasil

Engenheiro Florestal formado pela FAEF. Especialista em Adequação Ambiental de Propriedades Rurais. Contribuo para o Florestal Brasil desde o inicio junto ao Lucas Monteiro e Reure Macena. Produzo conteúdo em diferentes níveis.

View all posts by Arthur Brasil →

Comenta ai o que você achou disso...