Antártida vegetação é o novo dado revelado pelo primeiro estudo do MapBiomas sobre o continente gelado, que identificou mais de 107 mil hectares de áreas verdes durante o verão. O mapeamento, baseado em imagens de satélite entre 2017 e 2025, mostra como o avanço da vegetação está diretamente ligado ao aquecimento global, ao derretimento do gelo e às rápidas transformações ambientais na região que funciona como um dos principais reguladores climáticos do hemisfério sul.

Vegetação que avança com o calor
Segundo Eliana Fonseca, coordenadora do estudo, o aquecimento observado especialmente nas ilhas próximas à Península Antártica — como as Shetlands do Sul — tem ampliado áreas livres de gelo. À medida que o derretimento acelera, surgem novos espaços onde musgos, gramíneas e algas terrestres conseguem se instalar temporariamente. A tendência, afirma Fonseca, é que a Antártida passe por um aumento de cobertura vegetal semelhante ao que já está sendo observado na Groenlândia.
O continente de gelo que regula o clima do hemisfério sul
Mesmo maior que o Brasil, com quase 14 milhões de quilômetros quadrados, menos de 1% da Antártida fica livre de gelo ao longo do ano. Desses cerca de 2,4 milhões de hectares descongelados, apenas 5% têm cobertura vegetal — justamente os 107 mil hectares mapeados pelo estudo.

Identificar essas áreas é essencial para compreender como o continente responde ao aquecimento global, já que a Antártida funciona como um regulador térmico. É lá que nascem grande parte das frentes frias que influenciam o clima, as chuvas e os padrões atmosféricos em todo o hemisfério sul, inclusive no Brasil.
Como a vegetação sobrevive
A flora antártica aparece apenas durante o verão, quando o continente finalmente recebe radiação solar suficiente. É nesse momento que o gelo superficial derrete, revelando solo e rochas onde a vegetação pode se desenvolver.
Com a volta do inverno — e temperaturas que variam entre -15°C e -30°C no interior — grande parte das plantas morre, permanecendo apenas esporos e sementes que renascerão no verão seguinte.
Um mapeamento desafiador
O fenômeno do sol da meia-noite, em que o sol circula sobre o horizonte durante meses, cria sombras intensas projetadas por montanhas e geleiras, dificultando a leitura das imagens de satélite. Ainda assim, o estudo conseguiu gerar o primeiro mapa completo das áreas vegetadas e livres de gelo de todo o continente, disponível agora para consulta pública.
Importância científica e histórica
A divulgação coincide com o aniversário do Tratado da Antártida, firmado em 1959, que transformou o continente em uma área internacional dedicada à pesquisa científica. Hoje, 58 países fazem parte do acordo — entre eles o Brasil, que mantém bases de pesquisa ativas na região.
Os novos dados do MapBiomas reforçam a urgência de monitorar continuamente o continente que ajuda a estabilizar o clima do planeta. A expansão da vegetação, embora pareça positiva à primeira vista, é um sintoma direto do aquecimento global e da mudança acelerada na dinâmica do gelo antártico.
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