Com uma área de 8.712 km², o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia entre agosto de 2020 e julho deste ano é o segundo pior desde 2016, conforme levantamento divulgado nesta sexta-feira (6) pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número está atrás apenas dos 9.216 km² destruídos entre agosto de 2019 e julho do ano passado.
Embora os números apontem para uma redução de 5% de desmate entre a temporada de 2021 e a de 2020, organizações ligadas ao meio ambiente consideram que o total permanece alarmante. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), ao comparar o acumulado do Deter dos últimos três anos (2019, 2020 e 2021) com o do triênio anterior (2016, 2017 e 2018), houve um aumento de 70%.
Os estados do Pará (3.448,74 km²), Amazonas (1.692,78 km²), Mato Grosso (1.474,71 km²) e Rondônia (1313,75 km²) lideram o ranking até o dia 30 de julho. Os dados oficiais de desmatamento anual do bioma ainda serão divulgados pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes) — também ligado ao Inpe —, mas os alertas do Deter, que monitora diariamente sinais de alteração na cobertura florestal, ajudam a “projetar o tamanho do problema”, conforme explica, em nota, o Observatório do Clima.
Considerando que a medição do Prodes — que usa imagens de satélites com maior resolução — historicamente supera os alertas do Deter, a instituição estima que o desmatamento anual deverá, pela terceira vez, ficar próximo de 10 mil km² . Os últimos dados do projeto, referentes ao intervalo entre agosto de 2019 e julho de 2020, apontaram um desflorestamento na Amazônia de 11.088 km².
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Segundo o Observatório, os três recordes da série [do Deter] foram batidos no governo Bolsonaro, no qual os alertas são 69,8% maiores que a média dos anos anteriores. “O destino da floresta está nas mãos das quadrilhas de grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo da organização, em nota.
Ainda segundo a entidade, com 6.062 km² de desmate, a degradação florestal também foi a mais alta desde 2017. De acordo com o Inpe, os dados chamam a atenção para a destruição das florestas públicas não destinadas, cuja responsabilidade cabe à União e aos estados. Isso porque, no primeiro semestre de 2021, 32% dos registros do Deter ocorreram nessas áreas, o que é um “indício claro da grilagem e da ilegalidade”, sefgundo o Observatório.
Para a organização, falta ao Brasil uma política de controle do desmatamento. “Os altos índices de desmatamento e o desmonte da legislação ambiental têm repercussão mundial e prejudicam imensamente a imagem do país”, avalia Astrini. “É neste cenário que o Brasil chegará, daqui a alguns meses, na conferência do clima da ONU”. A 26a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26) acontece em novembro, em Glasgow, na Escócia.
Fonte: Revista Galileu | Meio Ambiente
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