Alerta de desmatamento na Amazônia se elevam ainda mais em abril de 2022

Segundo o Observatório do Clima, essa é a primeira vez na história dos sistema Deter-B, do Inpe, que os alertas mensais de desmatamento ultrapassam 1.000 km² no mês de abril.

De acordo com dados do sistema de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia passaram de 1 mil km² para o mês de abril, batendo recorde para o período. Os dados foram divulgados na sexta-feira (6).

Segundo o Observatório do Clima, essa é a primeira vez na história dos sistema Deter-B, do Inpe, que os alertas mensais de desmatamento ultrapassam 1.000 km² no mês de abril, chegando a 1.012 km². Isso é grave, pois abril é considerado ainda período de chuva, o chamado “inverno” amazônico.

Outro ponto crucial a se pensar é que os dados de abril estão referidos a apenas 29 dias e, nas medições do Inpe, o mês ainda não foi encerrado, fato que só acontecerá na semana que vem. Portanto, esse número será maior.

Fonte: Deter / Reprodução; Portal Amazônia

No acumulado do ano até o momento (o Inpe sempre mede o desmatamento de agosto de um ano a julho do ano seguinte), os alertas já chegam a 5.070 km², 5% a mais do que no ano passado e segundo maior número da série histórica — perdendo apenas para o recorde de 5.680 km² em 2020. Desde agosto passado, os alertas tem batido recordes: em outubro, janeiro, fevereiro e em abril.

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O Amazonas foi o campeão de alertas pela primeira vez no ano, com Lábrea, no sul do Estado, na primeira posição entre os municípios mais desmatados. Isso se deve à explosão da grilagem na região, por conta da tentativa do ex-ministro da Infraestrutura e hoje candidato ao governo paulista, Tarcício Freitas e o Presidente Jair Bolsonaro prometeram pavimentar um trecho de terra de 400 quilómetros da rodovia BR-319 que liga as cidades de Manaus e Porto Velho. A antecipação da pavimentação gerou especulação imobiliária ao longo da rodovia; grileiros (pessoas que tenta obter a posse de terras com documentos falsos) envolvem-se em desmatamento em grande escala com a expectativa de que as áreas se tornem legais para agricultura ou pecuária no futuro. A estrada corta uma das áreas mais intocadas da floresta amazônica e estudos indicam que seu asfaltamento quadruplicará a devastação.

Historicamente, a abertura e pavimentação de rodovias tem sido o principal motor do desmatamento da Amazônia. O acesso mais fácil aumenta o valor da terra e viabiliza as actividades económicas, principalmente a pecuária.

“O Amazonas ainda é um estado muito preservado. Se o desmatamento explodir lá, perderemos o controle de uma região que está fora da região tradicional de desmatamento”, disse Araújo, ex-presidente do órgão regulador ambiental do Brasil”Precisamos de um modelo de desenvolvimento regional compatível com a protecção ambiental. A solução não é simplesmente pavimentar estradas”, disse Araújo. A governança precisa mudar completamente, disse ele, mas o oposto está a acontecer. “A Amazônia é controlada por latifundiários, madeireiros ilegais e garimpeiros. O crime é a realidade.”

Fonte: Portal Amazônia , Voa Português


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Reure Macena

Engenheiro Florestal, formado pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Especialista em Manejo Florestal e Auditor Líder - Sistema de Gestão Integrada (SGI). Um parceiro do Florestal Brasil desde o início, compartilhando conhecimento, aprendendo e buscando sempre a divulgação de informações que somem para o desenvolvimento Sustentável do setor florestal no Brasil e no mundo.

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